A cidade de Judá entre as três grandes potências da época: Assíria, Egito e Babilônia (por Jones F. Mendonça). Resolução: 1067x798 |
O
profeta Jeremias viveu numa época que tinha como pano de fundo a disputa por um vasto território conhecido como Fértil crescente, que vai do Egito à Mesopotâmia. Enfrentavam-se pelo controle dessa região três grandes potências da época: Egito, Assíria e Babilônia. Em 671, cerca de duas décadas
antes do nascimento do profeta, a Assíria conquistara o Egito. Enquanto isso, a Babilônia, a mais nova potência
emergente, reunia forças para impor sua hegemonia sobre a região. Em 612
Nínive, capital da Assíria caiu nas mãos dos babilônios.
No
meio dessa disputa estava Judá, que se encontrava dividida em relação a quem
deveria apoiar. Um partido apoiava o Egito, outro a Assíria e outro a
Babilônia. Jeremias, um levita do interior, natural de Anatot, pequena vila a
poucos quilômetros de Jerusalém, insistia que Judá deveria se render aos babilônios.
Colocando-se como porta voz de Yahweh declarou: “Eu fiz a terra, os seres
humanos e os animais que nela estão [...]. Agora, sou eu mesmo que entrego todas essas nações nas mãos do meu servo
Nabucodonosor, rei da Babilônia” (Jr 27,5-6). Sua mensagem foi um escândalo
para os judaítas. Por causa do desprezo que vinha de todos os lados lamentou: “maldito
seja o dia em que eu nasci” (Jr 20,14), ou ainda “Sou ridicularizado o dia
inteiro; todos zombam de mim” (Jr 20,7).
Jeremias nasceu durante a ditadura do rei Manassés, que foi sucedido por Amom, um sanguinário ditador. Uma
revolta popular matou Amom e o pequeno Josias,
com apenas 8 anos assumiu o trono, obviamente auxiliado por tutores. Josias
acabou morto pelo faraó Neco, que seguia em direção à Assíria para lhe prestar
ajuda contra a Babilônia. Com a morte de Josias subiu ao trono seu filho Joaquim, um rei explorador e
oportunista. Foi nesse período que Jeremias exerceu intensa atividade profética,
denunciando as falsas seguranças e a injustiça.
Em
598 a.C. os trágicos anúncios do profeta se cumpriram. Nabucodonosor, rei da
Babilônia, cercou Jerusalém e o rei de Judá, impotente, se rendeu. O templo foi
profanado e seus tesouros levados para a Babilônia. Parte da elite do povo também
foi levada para o cativeiro, com o intuito de impedir qualquer possibilidade de
revolta. Dez anos depois o rei Sedecias,
que havia sido colocado no trono pelos babilônios, deixou de pagar impostos. A
reação da Babilônia foi imediata e violenta. Em 587 Jerusalém foi totalmente
destruída.
Foi assim que Jerusalém foi tomada: No nono ano do reinado de Zedequias [...] Nabucodonosor, rei da Babilônia, marchou contra Jerusalém com todo seu exército e a sitiou. Em Ribla, o rei da Babilônia mandou executar os filhos de Zedequias diante dos seus olhos, e também matou todos os nobres de Judá. Mandou furar os olhos de Zedequias e prendê-lo com correntes de bronze para levá-lo para a Babilônia. Os babilônios incendiaram o palácio real e as casas do povo, e derrubaram os muros de Jerusalém (Jr 39,1-8).
Em
Judá ficou somente o povo da terra (2 Rs 25, 8-12). O livro de Lamentações, expressa
a dor pela destruição da cidade: “Todo o esplendor fugiu da cidade de
Sião. Seus líderes são como corças que não encontram pastagem; sem forças
fugiram diante do perseguidor” (Lm 1,6). O Salmo 137,1 também nos dá uma nítida
mostra da aflição que se abatia sobre o povo: “Junto aos rios da Babilônia nós nos
sentamos e choramos com saudade de Sião”.
Jeremias
morreu por volta de 580, exilado no Egito. Uma tradição judaica diz que ele foi
apedrejado até a morte por compatriotas que junto com ele fugiram para lá. A alcunha de profeta chorão não lhe cabe bem. Um profeta que anunciou desgraças ao seu próprio povo mesmo quando preso a um tronco ou numa cisterna cheia de lama merece um título mais justo.
Jones F. Mendonça
Jones F. Mendonça
Íncrível esse "post"!!
ResponderExcluirme edificou muito e expandiu mais meu conhecimento a respeito dos termos geográficos que se encontrava Israel naquela época. muito bom!
otimo estudo... direto e pontual!
ResponderExcluirMuito bom.
ResponderExcluirLI E NÃO GOSTEI COMPLETAMENTE SUPERFICIAL
ResponderExcluirperala joao, superficial é não dizer nada, como a maioria das lideranças cristãs. Excelente trabalho para quem está começando a estudar esses fatos historicos.
Excluirmuito bom comentário meus parabéns...
ResponderExcluirbom
ResponderExcluirLegal
ResponderExcluirjerusalém não foi cercada em 609-605 a.c.????
ResponderExcluirEm 609 Josias morre. Em 605 Joaquim submete-se a Nabucodonosor, rei da Babilônia. Em 598, após uma revolta, a Babilônia cerca Jerusalém (Joaquim é morto). Em 587/86, após nova revolta (quem reina é Zedequias), ocorre um segundo cerco e Jerusalém é destruída.
ResponderExcluirMaravilhada, é o que posso dizer! edificante,estudo que qualifica os que amam a Palavra. Que Deus invista sempre nessa obra, pois os verdadeiramente preparados estão escassos.
ResponderExcluirGostei muito, dá uma visão geral da situação política da época, nunca vi ninguém explicar sobre a disputa dos partidos, daí dá pra entender o que Jeremias passou naquele momento.
ResponderExcluirAs datas podem até não ser precisas, como alguém postou mas tenho minhas dúvidas quanto à essa observação porque o profeta viu a sentença sobre o rei então não poderia ter morrido antes, senão quem terminou de escrever lamentações? Muito obrigada pela ajuda na pesquisa, me acrescentou em conhecimento e análise do contexto é o que vale.
Muito bom
ResponderExcluirA Biografia de Jeremias diz que ele naceu em647 ,e ficou em anonimato,20 anos,estudend e a palavra de Deus,,para ser um sacerdotes,,na quela época tenha que estudar 25 anos,, mais Deus tinha pressa,,,jer Jeremias ministrou 4 anos,,e foi levado cativo pro Egito,,e,lá ficou masm 15 Anos,,aon ao faleceu
ResponderExcluirMuito bom
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirmuito bom e edificante estudo parabéns.. ao que classificou como superficial fica uma dica; talvez o irmão esteja pesquisando no lugar errado oi então se é tão profundo deveria esta promovendo seu próprio conteúdo ja que es tão profundo..
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