terça-feira, 3 de maio de 2011

FRAGMENTOS DE UMA TRISTE HISTÓRIA

Crédito da imagem: Al-Jazeera
Caminhando pela neve no alto de uma montanha de Tora Bora, Afeganistão, Bin Laden concedeu uma entrevista em 1996 ao jornalista Abdel Bari Atwan[1]. O terrorista mais famoso da história não gostava que suas palavras fossem gravadas. Elas tinham que ser anotadas num papel. Abaixo um comentário de Bin Laden registrado por Atwan que merece ser lido:
Não posso combater os americanos nos Estados Unidos, porque é extremamente difícil. É algo que exige grande planejamento e grande esforço. Mas, se eu conseguir atrair os americanos para o Oriente Médio, para combatê-los em meu próprio terreno, em meu próprio chão, em meu próprio quintal, será perfeito. Prometo a você que farei maravilhas... [2].
Diante de tudo o que viu e ouviu, Atwan conclui (falando após os ataques e a invasão ao Iraque):
Se Bin Laden morrer amanhã, morrerá feliz, porque conseguiu se vingar dos Estados Unidos, o grande país que ele considera o mal. Bin Laden fez com que os Estados Unidos fossem humilhados no Oriente Médio, na mão de muçulmanos e árabes. Deve estar extremamente feliz agora[3].
Dez anos após o ataque às torres gêmeas, Bin Laden finalmente está morto (pelo menos é o que diz a Casa Branca). Nesta caçada ao líder da Al-Qaeda morreram centenas de soldados americanos, muitos árabes (inclusive inocentes) e foram gastos centenas de bilhões de dólares.  As armas de destruição em massa nunca foram encontradas.

Saldo final: A indústria armamentista e os empresários do petróleo ganharam muito dinheiro. Povoados árabes se tornaram ainda mais pobres e oprimidos. Muitos soldados mortos e muito dinheiro gasto. Presidentes se reelegeram. Ditadores foram depostos. Bin Laden morreu feliz... e o povo americano comemora...

Do ponto de vista emocional a catarse coletiva dos americanos por ter tido algum valor para os parentes das vítimas do 11 de setembro. Mas se analisarmos friamente a situação... não sei...

Notas:
[1] Abdel Bari Atwan nasceu em um campo de refugiados na Faixa de Gaza, dois anos após a criação do Estado de Israel. Trabalhou em importantes jornais árabes como o al-Balaagh (Líbia), al-Madina (Arábia Saudita) e o al-Sharq al-Awsat (Londres).
[2] NETO, Geneton Moraes. Dossiê História, p. 14.
[3] Id. ibid. p. 16.

Jones Mendonça

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