quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

ENTREVISTA COM JÜRGEN MOLTMANN

Jürgen Moltmann, um dos teólogos europeus mais inovadores da atualidade, concedeu uma entrevista a Lorenzo Fazzini, publicada pelo jornal Avvenire, 03-02-2011. Segue um trecho em que ele fala sobre a tensão entre fé e incredulidade presente em cada um de nós:
Em cada ser humano se desenvolve um diálogo entre fé e incredulidade: “Senhor, eu creio, mas ajuda-me na minha incredulidade”, grita o pai do jovem enfermo no Evangelho de Marcos. Ninguém está satisfeito com a própria incredulidade. A esperança é mais ampla porque ligada ao amor pela vida. Esperamos enquanto respiramos e, se duvidamos e ficamos tristes, a esperança perdida nos atormenta. Onde a esperança é destroçada na vida inicia a violência e a morte.
Leia a entrevista na íntegra traduzida para o português no IHU

5 comentários:

  1. Olá Jones,

    Tenho me debruçado com certa frequência sobre esta questão dá 'fé' e quais horizontes ela comporta. Obrigado pela sugestão de leitura.

    Abraços!

    Will

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  2. Na mesma linha que Moltmann segue Joseph Ratzinger:

    "crente e incrédulo, cada qual a seu modo, participam da dúvida e da fé, caso não se ocultem de si mesmos e da verdade da sua existência. Nenhum é capaz de evadir-se completamente à dúvida; nenhum pode escapar de todo à fé. Para um, a fé torna-se presente contra a dúvida; para outro, pela dúvida e em forma de dúvida. Temos aí a figura fundamental do destino humano: ser capaz de encontrar o definitivo de sua existência somente nesse inevitável embate de dúvida e fé, de agressão e certeza"[1].

    Sim, o papa (considerado um ícone da ortodoxia)disse isso!

    [1] RATZINGER, Joseph. Introdução ao Cristianismo, 1970, p. 14.

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  3. Ah,

    Fico feliz em ter ajudado de alguma forma.

    Abraço!

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  4. Jones, a rigor, não há lá grande diferença nessa frase e na forma clássica com que as catequeses tratam a dúvida. O que ela faz é domesticá-la. Mas, veja lá: a dúvida é, ainda, o inimigo a ser vencido - todo cristão tem na alma a fé e a dúvida, isto é, a dúvida a corroer perigosamente a fé. É disso que se trata. A dúvida não foi tratada como co-irmã da fé, uma irmã tão boa quanto a fé. Não estamos diante do modelo yin e yang, mas o modelo Deus-diabo. Fosse de outro modo, a dúvida seria ensinada nas catequeses... E é? Mesmo na de Ratzinger? A dúvida, para a Teologia clássica, é como o pecado - um mal difícil de dele se livrar... Mas no céu, não perca a esperança!, ela irá embora, porque, como o pecado, ela não tem lugar lá...

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  5. Osvaldo,

    De fato Ratzinger mais adiante conclui:

    "Você deseja alcançar a fé e não conhece o caminho? Quer ficar CURADO DA DESCRENÇA (grifo nosso) e não conhece o remédio? Aprenda daqueles que, outrora, foram acossados por dúvidas, como você... Imite-lhes o proceder, faça tudo o que a fé exige, como se já fosse crente. Freqüente a Missa, use água benta, etc. Isto, certamente, o fará humilde e o conduzirá à fé" (p. 78).

    De qualquer forma, tal afirmação seria um escândalo caso fosso dita numa igreja evangélica. Para o protestantismo chamado de "reta doutrina" (cf. Rubem Alves), não há espaço algum para a dúvida na vida cristã.

    Este tema tem me inquietado. É possível fé e dúvida andarem juntas sem que sejam vistas como opostas? Gianni Vattimo seria um nome?

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