O ex-padre católico romano Dominic Crossan, um dos maiores estudiosos do Jesus histórico, concedeu uma entrevista a Ron Csillag, da Christian Century. Crossan é co-fundador do Seminário Jesus ao lado de Robert Funk. O foco da entrevista é o conteúdo do seu último livro, “The greatest prayer" (A grande oração), sobre a oração do “Pai Nosso”.
Quando perguntado se a o termo “Pai” para se referir a Deus não é um tanto quanto sexista, Crossan responde:
Quando eles dizem 'Pai', eu pergunto o que isso significava no mundo mediterrâneo, e [eu digo que] significa "chefe de família". Aceito o termo tradicional de 'Pai', mas eu não aceito os pressupostos patriarcais. Eu digo “Pai” (mas) interpreto "chefe de família". O ponto mais importante é quando você entende o que esta metáfora representa.
Vou aproveitar o "gancho" e dar minha opinião sobre esse ponto destacado por Crossan. Percebo que os cristãos em geral tem problemas com as metáforas religiosas. No universo protestante o literalismo tem causado inúmeros problemas. Acredito que duas frases atribuídas a Lutero e cristalizadas no pensamento protestante são a causa disso:
“Scriptura Sacra sui ipsius interpres” (A Escritura Sagrada é o seu próprio intérprete).
“Tradere scripturam simplici sensus, denn literalis sensus, der thuts, da ift leben, khafft, lehr und kunft inen” (Transmitir a Escritura pelo sentido simples, porque o sentido literal, esse faz as coisas, lhe dá vida, consolo, força, ensino e saber).
É verdade que muitas passagens bíblicas podem ser explicadas a partir de outros textos da própria Bíblia. Também é verdade que o sentido literal se mostrou muito mais coerente que os devaneios da exegese alegórica da patrística e da era medieval. Mas levar esses dois ditos de Lutero ao extremo está longe de uma atitude sensata.
Dizer que a mensagem da Bíblia precisa ser atualizada não é o mesmo que negar sua inspiração. Efatá!
Dizer que a mensagem da Bíblia precisa ser atualizada não é o mesmo que negar sua inspiração. Efatá!
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