Venho acompanhando o conflito árabe-israelense há alguns anos e fico estarrecido ao perceber que a maioria quase que absoluta dos Blogs ditos evangélicos defende Israel a qualquer custo. São pessoas que enxergam o mundo em duas cores. Para eles há apenas duas forças que lutam entre si, os palestinos e os israelenses. E só! Os palestinos, é claro, são os bandidos. Os israelenses os mocinhos. Mas a coisa não é tão simples assim.
No meio dessa guerra insana, na qual estão envolvidos o Irã, os EUA, Israel, o Líbano, grupos terroristas, etc., há um grupo que não tem voz na mídia e que é pouco lembrado: os refugiados palestinos. De cada quatro habitantes de Gaza, três são refugiados, expulsos de suas casas em 1948 pelos israelenses, ou descendentes desses palestinos expulsos. Hoje os palestinos de Gaza não tem pátria, nem raízes, nem tratamento médico, nem comida, nem dignidade!
Diariamente leio as manchetes dos jornais israelenses Haaretz, The Jerusalém Post e Arutz 7 tentando compreender como os judeus enxergam esse conflito. Ao contrário do que muita gente pensa, há muitos judeus indignados com a politica do governo israelense. São pessoas que amam seu povo e sua terra, mas não querem compactuar com as medidas autoritárias, inflexíveis e cruéis de Israel.
O Haaretz publicou no dia 11-06-10 uma matéria escrita pelo judeu Henry Siegman, ex-chefe executivo do Congresso Judaico Americano. No artigo esse corajoso e lúcido judeu denuncia a política israelense em relação à Gaza comparando-a com o holocausto nazista. Referindo-se ao cerco de três anos imposto à região ele diz (a tradução é do Numinosum):
“Um milhão e meio de civis foram forçados a viver em uma prisão a céu aberto em condições desumanas durante mais de três anos, mas ao contrário da época de Hitler eles não são judeus, mas palestinos. Seus carcereiros, incrivelmente, são sobreviventes do Holocausto ou seus descendentes. Naturalmente os reclusos de Gaza não são enviados para as câmaras de gás como os judeus, mas eles foram reduzidos a uma existência degradada e sem esperança”.
Outro protesto judaico contra o bloqueio a Gaza veio do Jüdische Stimme für gerechten Frieden in Nahost (Uma Voz Judaica para a Paz no Médio Oriente). O grupo diz representar “a grande voz alternativa dos judeus na Europa”, e entende que o bloqueio a Gaza “é um ato altamente imoral, que obriga as pessoas a viverem nas ruínas de suas casas”.
Enquanto isso alguns evangélicos alienados continuam vendo o mundo em preto e branco. Penso que Deus estará sempre do lado dos oprimidos, independentemente de raça, nacionalidade, religião ou sexo. Na segunda guerra mundial eram os judeus os perseguidos e infelizmente poucos cristãos tiveram coragem de criticar as atrocidades cometidas pelo regime nazista. Atualmente grande parte dos cristãos se cala diante de uma situação muito parecida. A história se repete...
Para ler mais sobre o conflito na Palestina, clique aqui:
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"Seus carcereiros, incrivelmente, são sobreviventes do Holocausto ou seus descendentes."
ResponderExcluirA comparação com Hitler foi ótima e a afirmação acima melhor ainda. As pessoas tendem a apedrejar e falar mal de pessoas personificadas como o próprio mal, como Hitler, mas não vêem as pequenas e grandes "malvadezas" que são feitas por aí, todos os dias.
Lamentável essa questão. Já que não vêem os palestinos com simpatia, os Judeus pelo menos podiam vê-los com empatia.
Mas, como já diz a "sabedoria" popular:
"Pimenta nos olhos dos outros é refresco"
Infelizmente os judeus que se opõem à política israelense são perseguidos pelo governo. Alguns sequer podem entrar em Israel.
ResponderExcluirLametável...