sábado, 23 de fevereiro de 2019

SATURNÁLIA, CARNAVAL E QUARESMA


No período de quarenta dias, entre a quarta-feira de cinzas (em 2019: 06/mar) e o Domingo de Ramos (em 2019: 14/abr), os primeiros cristãos comemoravam a Quaresma. Era um período de reflexão inspirado no jejum de 40 dias feito por Jesus no deserto. Faziam penitência a fim de meditarem a respeito da Paixão. O período de abstinência de carne era longo. Muita gente reclamava.

Com a finalidade de se despedir da carne, o povo fazia uma festa, debochava dos reis, do clero e até da sua miséria. Era uma celebração marcada pelos excessos, afinal no dia seguinte teriam de se abster de carne e fazer penitência. Os festejos ganharam o nome de Carnaval, termo que tem origem na expressão latina usada pelo Papa Gregório, em 590 d.C.: “Carnem levare” (retirar a carne). É provável que a festa tenha se inspirado na saturnalia romana.

Com o tempo o Carnaval foi incorporando elementos novos, fenômeno que acontece com diversas festas, como o Natal (árvore, pisca-pisca, panetone...), e a Páscoa (ovo de chocolate, coelho...). Do ponto de vista etimológico, não se trata de uma “festa da carne” (carnalidade), mas da “abolição da carne” (carne de animal). Na prática o Carnaval funciona como tempo reservado à diversão. Em alguns casos como válvula de escape para desejos reprimidos.

Uma última curiosidade: a quarta-feira de cinzas tem este nome porque neste dia os fies eram benzidos com as cinzas dos ramos de palmeira utilizados na domingo de Ramos do ano anterior.

Tela: O combate entre o Carnaval e a Quaresma, de Pieter Brueguel, 1559.


Jones F. Mendonça

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