quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
DIREITA X ESQUERDA
Debate entre Marcos Nobre (representando a esquerda) e Luiz Felipe Pondé (representando a direita), mediado pelo jornalista Otávio Frias Filho, diretor de redação da Folha de São Paulo.
PAULO, AS MULHERES E O COPISTA SEXISTA
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São Paulo, de Marco Zoppo (1468) |
Em sua primeira carta aos coríntios (ou segunda, cf. 1Co 5,9), a partir do capítulo XII, Paulo deixa orientações acerca de alguns problemas que estavam impedindo a comunhão da igreja local.
No capítulo XII ele trata sobre os dons (ou carismas, como gostam os católicos). Em seguida, no XIII, enfatiza a superioridade do amor sobre os dons. No XIV o “apóstolo dos gentios” destaca a superioridade da profecia sobre as línguas (glossolalia). Quando sua carta chega ao verso 33, parte “b”, deste último capítulo, algo estranho acontece. Leia:
33b Como em todas as congregações dos santos, 34 permaneçam as mulheres em silêncio nas igrejas, pois não lhes é permitido falar; antes permaneçam em submissão, como diz a lei. 35 Se quiserem aprender alguma coisa, que perguntem a seus maridos em casa; pois é vergonhoso uma mulher falar na igreja.
Há neste trecho uma interrupção na sequência temática que chama a atenção do leitor mais atento. O tema do capítulo é “profecia x línguas”, mas inesperadamente Paulo começa a falar sobre o comportamento das mulheres nas ecclesias (“não lhes é permitido falar”, v. 34). Mas não é só isso. Caso a recomendação presente no texto seja levada a sério (“perguntem a seus maridos”, v. 35), como ficariam as mulheres solteiras e viúvas? Outro detalhe. A expressão “como diz a lei” parece supor que a Torá ensine o silêncio das mulheres num culto público, mas tal orientação não existe! Além do mais Paulo tinha o costume de citar o texto ao qual fazia alusão. O trecho torna-se ainda mais estranho quando confrontado com o verso 5 do capítulo 11: “Mas toda mulher que ora ou profetiza...”. Ora, como poderiam profetizar nas eclesias se não lhes era permitido falar?
Alguns códices latinos e gregos, entendendo ser este trecho um adendo, puseram-no no final do capítulo, depois do verso 40, como um apêndice. Os versos 33b; 34 e 35 teriam sido inseridos por um copista, preocupado em enfatizar que as mulheres não deviam ter função pública na igreja (o mesmo teria sido feito com Júnia, a “apóstola eminente”, transformada em homem em Rm 16). A tese do "copista sexista" é defendida por Barth Ehrman e Gottfried Brakemeier.
Jones F. Mendonça
No capítulo XII ele trata sobre os dons (ou carismas, como gostam os católicos). Em seguida, no XIII, enfatiza a superioridade do amor sobre os dons. No XIV o “apóstolo dos gentios” destaca a superioridade da profecia sobre as línguas (glossolalia). Quando sua carta chega ao verso 33, parte “b”, deste último capítulo, algo estranho acontece. Leia:
33b Como em todas as congregações dos santos, 34 permaneçam as mulheres em silêncio nas igrejas, pois não lhes é permitido falar; antes permaneçam em submissão, como diz a lei. 35 Se quiserem aprender alguma coisa, que perguntem a seus maridos em casa; pois é vergonhoso uma mulher falar na igreja.
Há neste trecho uma interrupção na sequência temática que chama a atenção do leitor mais atento. O tema do capítulo é “profecia x línguas”, mas inesperadamente Paulo começa a falar sobre o comportamento das mulheres nas ecclesias (“não lhes é permitido falar”, v. 34). Mas não é só isso. Caso a recomendação presente no texto seja levada a sério (“perguntem a seus maridos”, v. 35), como ficariam as mulheres solteiras e viúvas? Outro detalhe. A expressão “como diz a lei” parece supor que a Torá ensine o silêncio das mulheres num culto público, mas tal orientação não existe! Além do mais Paulo tinha o costume de citar o texto ao qual fazia alusão. O trecho torna-se ainda mais estranho quando confrontado com o verso 5 do capítulo 11: “Mas toda mulher que ora ou profetiza...”. Ora, como poderiam profetizar nas eclesias se não lhes era permitido falar?
Alguns códices latinos e gregos, entendendo ser este trecho um adendo, puseram-no no final do capítulo, depois do verso 40, como um apêndice. Os versos 33b; 34 e 35 teriam sido inseridos por um copista, preocupado em enfatizar que as mulheres não deviam ter função pública na igreja (o mesmo teria sido feito com Júnia, a “apóstola eminente”, transformada em homem em Rm 16). A tese do "copista sexista" é defendida por Barth Ehrman e Gottfried Brakemeier.
Jones F. Mendonça
sábado, 23 de fevereiro de 2013
DIRETOR PALESTINO DE “CINCO CÂMERAS QUABRADAS” É DETIDO EM LOS ANGELES
O
filme palestino ‘5 Broken Cameras’ é um dos indicados ao Oscar de melhor
documentário estrangeiro. Mas seu diretor, Emad Burnat, a esposa Soraya e o
filho Gibril foram detidos na terça (19) ao desembarcarem no aeroporto de Los
Angeles, onde participariam da premiação. Acabaram levados para uma área
fechada nas dependências do aeroporto e submetidos a interrogatório.
Leia
mais aqui.
Jones
F. Mendonça
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
PIADA DO DIA
Acabo de receber, acreditem, um e-mail me convidando a participar de um abaixo-assinado pela NÃO cassação do registro de psicólogo do pastor Silas Malafaia.
Pelos bigodes de Nietzsche!
Jones F. Mendonça
O REI DO GRANDE MONTE DE TERRA
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Cresci
e notei que na escola, entre os alunos, havia disputas pelo poder. Entre
professores não era diferente. E na igreja a história se repetia. Facções agitavam-se pelos corredores articulando meios de aumentar sua influência. Havia o grupo do pastor, o grupo da oposição, o grupo
pró-renovação, os liberais, o grupo dos conservadores, o seminarista que queria
assumir a direção, o diácono quizumbeiro, o cara que aspirava ser o tesoureiro
e por aí vai...
Fevereiro
de 2013. Noticia-se a renúncia de Bento XVI aos quatro ventos. Há quem queira
ver no episódio um sinal dos tempos: Raio que ilumina o céu do Vaticano e
atinge a Capela Sistina. Meteoro que rasga e incendeia o céu da Rússia. Bobagens
que são “curtidas” e “descurtidas” no universo facebookiano.
Para
uns, é Deus, rabiscando em tortas linhas o destino da humanidade. Para outros é
Satã, astuto querubim rebelde que não mede esforços para ocupar o trono divino e
reger o grande coral da criação com cetro de aço (sim, porque o de ferro,
segundo São João no livro da Revelação, está reservado ao messias).
O
que vejo? Ah, eis o que vejo: defronte ao Aventino e o Capitólio, o Quirinal e
o Viminal, uma dantesca disputa pelo rei do grande monte de terra. Os “purpurados”,
ricamente adornados, a lançar vigorosamente suas pernas em direção ao cume da grande
e magnífica cúpula da Basílica de São Pedro.
Estarei enganado? Meus olhos foram embaçados pelo relógio?
Às 23:05h.
Jones
F. Mendonça
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
EIXO DO BEM X EIXO DO MAL: UMA VELHA HISTÓRIA
Rússia, Coreia do Norte, China, Irã, Síria... = eixo do mal.
EUA, Coreia do Sul, Japão, Israel, Inglaterra, França, Alemanha... = eixo do bem.
Santa ingenuidade!
Leia a respeito da demonização do Irã aqui (não que ele não tenha lá os seus demônios!).
Jones F. Mendonça
EUA, Coreia do Sul, Japão, Israel, Inglaterra, França, Alemanha... = eixo do bem.
Santa ingenuidade!
Leia a respeito da demonização do Irã aqui (não que ele não tenha lá os seus demônios!).
Jones F. Mendonça
terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013
RENÚNCIA DE BENTO XVI: FICA O REGISTRO
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Caríssimos
Irmãos,
convoquei-vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste acto, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.
Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus.
Vaticano, 10 de Fevereiro de 2013.
ELOHIM, O REI DE TIRO E O QUERUBIM: INTRIGAS NO MONTE DE DEUS - (PARTE II)
Continuo minha investigação sobre o texto de Ezequiel 28 (carnaval em casa, sabe como é). Algumas vezes a LXX parece ter razão...
domingo, 10 de fevereiro de 2013
ELOHIM, O REI DE TIRO E O QUERUBIM: INTRIGAS NA MONTANHA DE DEUS
Nesta semana o André Fonseca, meu aluno, apresentou-me uma questão. Trata-se do famoso relato da queda do rei de Tiro, no capítulo 28 do profeta Ezequiel (erroneamente interpretado como a queda de Satã). Em algumas versões o rei de Tiro é comparado a um querubim: “Tu eras querubim da guarda” (v.14 na Almeida revista e Atualizada - ARA), fantástico ser da mitologia oriental que atua como guardião de um local sagrado. Por causa de seu orgulho foi banido por Elohim da montanha de Deus: “te lançarei, profanado, fora do monte de Deus e te farei perecer, ó querubim da guarda” (v.16 na ARA).
Mas algumas versões (como a Bíblia do Peregrino - BP) interpretam o texto de forma bem diferente. Nessas versões o rei de Tiro é colocado no monte de Deus com um querubim e não como um querubim: “Te pus junto a um querubim protetor". No momento da expulsão é este querubim guardião quem expulsa o rei de Tiro: “e o querubim da guarda te expulsou”.
Compare:Mas algumas versões (como a Bíblia do Peregrino - BP) interpretam o texto de forma bem diferente. Nessas versões o rei de Tiro é colocado no monte de Deus com um querubim e não como um querubim: “Te pus junto a um querubim protetor". No momento da expulsão é este querubim guardião quem expulsa o rei de Tiro: “e o querubim da guarda te expulsou”.
“Tu
eras querubim da guarda” (v.14 na ARA)
“e te pus junto a um querubim"
(v. 14 na BP)
“e
te farei perecer, ó querubim da guarda” (v.16 na ARA).
“e
o querubim protetor te expulsou” (v.16
na BP).
Após
uma análise inicial convenci-me de que o texto da ARA corresponde melhor ao
texto hebraico. Eis minhas razões:
1)
O verso 14 começa assim: “’at (tu
[eras/estavas]) keruv (um querubim) mimshah (magestoso? ungido? grande?
reluzente?) hasukhekh (guardião)”. A
tradução “tu estavas com...” ou “e
te pus junto a um” faria sentido
caso houvesse uma preposição ('et = com) antes de keruv (compare Gn 39,21). A ausência da preposição parece indicar o verbo “ser” e não o
“estar”: “tu eras um keruv...”.
2)
O texto hebraico em questão articula-se entre o “eu” (Elohim) e o “tu” (rei de
Tiro). Não há verbos na terceira pessoa do singular nos versos 14 e 16. A
construção “e o querubim da guarda (ele) te expulsou” não me parece correta;
Bem, parece que a tradução “Tu eras querubim da
guarda” (v, 14) e “e te farei perecer, ó querubim da guarda” (v.16) é a mais acertada (ARA). Mas há algo que me
incomoda nessa versão. Acho que faz mais sentido pensar que o texto original apresentava o rei de Tiro (figura do "homem primordial") sendo colocado na montanha de Deus protegido por um querubim.
Após sua queda este mesmo querubim o expulsou sob as ordens de Elohim. Dessa
forma o texto de Ezequiel encontra paralelo com o texto de Gênesis 3: um casal
é colocado num jardim. Após a “queda” ambos são expulsos e o jardim permanece guardado
por um querubim.
Alguém
teria modificado o texto original? Com que intenção?
Jones
F. Mendonça
PARA QUE SERVE UM QUERUBIM GUARDIÃO?
![]() |
Representação de um querubim encontrado em Samaria |
Há
quem sustente que a descrição da queda do rei de Tiro, em Ezequiel 28, refere-se à origem de Satã, um querubim guardião que vivia na montanha de Deus “entre as
pedras fumegantes”. Ele ganhou até um nome próprio: “Lúcifer” (emendando Ezequiel com Isaías). Ora, se antes da
queda do querubim não havia pecado, por que carga d’água Deus precisaria de um
guardião? Enfim, ele guardava o que e de quem?
Jones
F. Mendonça
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
NÃO HÁ DEMONIZAÇÃO NOS LIVROS ESCOLARES PALESTINOS E ISRAELENSES, DIZ ESTUDO
A Autoridade Palestina e Israel acusam-se mutuamente de ensinar a violência nas escolas e de propagar o ódio e a demonização do outro através dos programas de ensino. Mas após analisar livros didáticos usados por israelenses e palestinos, um estudo divulgado neste mês constatou que com raras exceções isso acontece. Ficou constatado, todavia, que os acontecimentos históricos são apresentados de forma seletiva para reforçar as visões nacionais de ambos os lados. O resultado do estudo foi bem recebido por autoridades palestinas (maiores vítimas dessa acusação). Já em Israel...
Jones
F. Mendonça
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
HEBRAICO ELEGANTE NO WESTMINSTER LENINGRAD CODEX
Fuçando aqui e ali acabei me deparando com um site para lá de útil. Trata-se do Tanach.us. Nele você encontra toda a Tanakh (Bíblia hebraica) nos formatos texto, HTML, ODT, PDF e XML (Códex Leningrado). Você ainda pode escolher se quer o texto com todos os sinais massoréticos, apenas as vogais, apenas as consoantes ou ainda a opção "morfologia" (artigos, conjunções e preposições aparecem separados das palavras). Abaixo um exemplo dos formatos disponíveis:
De quebra uma fonte hebraica elegante como poucas.
Jones F. Mendonça